Os poemas aqui apresentados remontam desde 2018 até os dias recentes.

I N D E X

Por Que, Ó Amor?

Os Sibilos das Cobras

TUDO SE ENCAIXA NELE

FINIS MEUS PROPE EST

Por Que, Ó Amor?

29 de setembro de 2017

Por que, eu me pergunto, por quê?
Por que Flora não me aceita?
Será que é porque eu sou feio?
Será que pra mim ela não foi feita?

Por que, ó Amor?
Por que não permites que os opostos se atraiam?
Faça algo, por favor!
Antes que as paredes do meu coração caiam!

Por que ela foi ficar justamente
Com aquele furão "camarada"?
Será que ela não tem em mente
De que algum dia ele vai dar nela uma pancada?

Quando eu a vi ontem, não agora
Abraçada com aquele fanfarrão
Senti naquela hora
Uma grande solidão

Ser ou não ser
Eis a questão:
Aceitar as conseqüências
Ou viver na solidão?

Mesmo estando sem alegria
Ninguém veio me ajudar
Mas não imaginava que haveria
Uma baleia e um leão para me consolar

"Por que estás triste?" disse a Baleia.
"Por que, White, por quê?"
Porque minha alma de tristeza está cheia
E parece que quer morrer!

"Por que estás triste?" disse o Leão.
O porquê eu lhe digo:
Porque eu vivo em solidão
E meus amigos não me vêem como amigo!

Então a Baleia me chamou
E lá fui eu, com o coração partido
E o Leão com cinco palavras me consolou
"Calma, nem tudo está perdido!

Existem tantas flores nessa novela
Muitas como os grãos de areia
Encontre uma flor que seja linda e singela
Não uma flor que seja por dentro feia!

"Flora é linda, mas é atrevida
Anda com a cabeça erguida
Ela tem o rei na barriga
E pra você ela nem liga

"E agora, meu amigo bicho-preguiça
Eu termino dizendo, amigão:
Nunca diga que em sua vida há injustiça
E não diga "eu sou um merda, meu irmão".

Eu me senti aliviado e tranqüilo
Minha vida teve uma melhora
Mas no domingo veio Bob, o Crocodilo
E me deu uma noticia má sobre Flora:

Ele disse: White, trago más noticias!
Não me entenda mal,
Mas me disse uma das tuas amigas
Que Flora está internada no hospital.

Eu perguntei: Ela está bem?
Quem a atacou? Algum salmão?
Bob disse: Ela está bem.
Mas saiba que quem a agrediu foi aquele furão!

Por que o furão machucaria uma flor — me perguntei —
Tão simpática como ela?
Foi então que depois de pensar, nele eu observei
O vilão desta "mexicana" novela.

Ele, que quando a via, sempre a abraçava
Agora, com crueldade, quase a matara
Ele, que com ela sempre conversava
Agora, sem piedade, pro hospital mandara

Ser ou não ser
Eis a questão:
Fingiu que nada aconteceu
Ou mandá-lo pro camburão?

Ela diz reluzente e feliz:
"Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales."
Mas eu digo em meio à vida infeliz:
"Eu sou a caixa de Pandora, a raiz de todos os males."

Ele acha que a minha vida é chata
Complicada e sem moral
Porque não compro coisa cara, só barata
E não ouço música de homossexual

A irmã de Flora, Tália, a égua
É a mais velha, quase filha do deus dos oceanos
E já namora com Teddy, um cavalo
Que é o melhor dos cavalos espartanos

A mãe ursa e o pai urso
São conservadores em questão de virgindade
Eles dizem a Flora o mesmo discurso:
"Você só vai namorar aos 20 anos de idade!"

As amigas e amigos dela:

Como Iago, tinha cara de bom amigo
Mas neste dia, ele a deu um abraço de tamanduá
Desde o dia em que ganharam intimidade de amigo
Eu pensava: "Quiçá um dia eles se separem, quiçá!"

Mas espera, desejar o mal dos outros é errado
Então, custe o que custar
Não importa o que o mundo me diga
O amor dela eu irei conquistar

Mas minha mente diz: "Quiçá, quiçá..." [Quiçá: sinônimo de talvez]
Quando Bob me disse a noticia naquele dia,
Eu disse: Ah, ela bem que merecia estar internada!
Mas meu coração, com toda a força, insistia:
"Vai lá, visita ela, não custa nada!"
"Aliás, White, ela está tão desamparada!"

Mas ela tem as amigas tão leais
Elas com certeza devem estar lá
Mas Bob disse cheio de ais:
"Oxalá, White, oxalá..." [Oxalá: sinônimo de tomara ou quem dera]
"Ela está no Brasil e elas no Canadá."
"Elas dizem: 'Blá-blá-blá! Blá-blá-blá!'"

Os pais, os pais, os pais!
Os pais irão vê-la, com certeza!
Mas Bob disse cheio de ais:
"White, nem os pais. Eles estão em Veneza."

Que mundo é esse
Onde a família não visita a própria filha?
Que mundo é esse
Onde os amigos para visitá-la não saem da ilha?

Ele a iludiu
Persuadiu
Mentiu
Fingiu
Discutiu
Traiu
Agrediu
E, covardemente, a destruiu

E o que os amigos e família dela fazem? NADA!

Uma cobra injeta um veneno poderoso
E o peixe-bruxa é um animal que sufoca
Mas os animais mais venenosos que uma cobra
São a coruja e a foca

Devem ter sido eles os malditos
Que incitaram ao furão à ira fatal
Que o fizeram iludi-la
Traí-la
E quase matá-la, levando ao hospital

Mas isso não vai ficar assim
Deve ser detido aquele que a "ama"
Irei vê-la e por amá-la tanto assim
Tratá-la-ei como uma digníssima dama

Então eu decidi ir ao hospital
Voando pelo céu
Com o coração fraco e sentimental
E doce como mel

Quando a vi, cheia de curativo
Quando a vi, com a alma mais que ferida
Tive pena de seu corpo, ainda vivo
E disse: Eu te amo querida.

Eu te amo mais do que podes imaginar
Eu nunca quis te machucar
Nunca imaginei que esse dia iria chegar
Como pode aquele furão te amar?

Como pôde ele te machucar,
Depois de dizer te amar?
Como pôde ele ser tão indelicado
Tão falso e ter seu coração roubado?

Pode alguém dizer te amar
E depois como lixo tratar?

Eu te amo de verdade
Eu te amo de todo o coração
A ti não farei maldade
Mas te direi com emoção:
Tu és a minha musa, minha deusa, minha inspiração!

Ser ou não ser
Achei a resposta:
Ser otimista é bem melhor
Do que agir feito um bosta.

Seus pais te abandonaram
Mas eu estou aqui
Seus amigos te desertaram
Mas eu me compadeci de ti

Mas agora o que você faria?
Não mostraria compaixão ou amor?
O furão você perdoaria
Ou...
Por ele sentiria grande rancor?

Será que você a ele diria:
"Por que você fez isso comigo?"
Ele talvez, provavelmente diria:
"Porque pra você eu não ligo."

Então eu chegaria e a ele diria:
"Você não merece o meu perdão!
Esqueceu-se da lei Maria da Penha?
Isso, meu "amigo", dá prisão!"

"Dá pra ver bem, bem estampadas no seu rosto
As suas sem-vergonhice e expressão descarada!
Visto que não contas a tua atitude de mau gosto,
Isso eu conto não só pra um, mas pra toda bicharada!"

[em pensamento]
"Se eu fosse a Morte, com a cara magra e parca,
Ou se fosse o Diabo, com os chifres, pegando fogo
Faria que você sofresse no inferno, te enfiasse numa barca
Incessantemente infernal, pra que queimasse logo
Até que sua carne derretesse e eu dissesse: 'Até logo!'

Ainda que eu quisesse te estraçalhar e mandar os cães te comer
Não faria isso, pois às vezes não sei o que fazer

Direi ao rei, pedirei a Leôncio, nosso imperador feroz
Repetir tua violência em ti mesmo em velocidade veloz
E depois te prender, te torturar e te pôr num fogo atroz!"

Os Sibilos das Cobras

25 de abril de 2019

O que queres que eu vos fale?
Sobre a paz? Sobre a pós-modernidade?
O som? A luz? Talvez.
Mas depois de outro mês, vos visitarei
Em paz com os meus pés e mãos.
Todos os dias, eu vos capto os olhos;
Quando vos avisto pelas portas da cidade
Da educação, meu corpo vira chão;
Ou o chão vira meu corpo? Venho a cair
No chão sujo, no sujo chão, a olhar a vossos
Olhos cristais de esmeralda-rubi, coloridos como
O papel de uma criança aos seus terceiros cardinais anos.
Ao dizer tantas frases, tantas palavras com S,
É-vos a vosso olhar brilhoso uma cobra.
Uma cobra verde cor de espinho do mato, uma cobra
De língua cor de fogo-fátuo, que mata mamíferos andantes,
Tanto aos macacos quanto a nós, seres sofredores de tamanha sofreguidão
Mundial, universal, interestelar e divinal; Isto tudo com um simples sibilo
E ataque preciso com certidão e dedicação, quando nos ataca a nossas veias,
E nossos corpos se esfregam em solo terreno de nossos compadres,
Tirando-nos o fulgor de nossa idade e sufocando nosso fôlego, assim morrendo.
Por que viestes a este ponto, ó minha alma? Por que começastes em romance
E parastes em morte, morte de cobra, que nos cobra a nossa alma? Porque somos como Cobras: disfarçamo-nos de folhas e matamos a outros como selvagens, sobrevivendo
Ao frio, a fome, e a frieza do coração.
Respeitosamente me despeço.

TUDO SE ENCAIXA NELE

18 de junho de 2023

Todas as coisas convergem nEle.
O brilho e a glória do sol, a provisão da lua,
A união das formigas, a coragem do leão,
A força do cavaleiro, os carinhos e proteção da família,
A beleza da tulipa, o colorido do pavão,
A graciosidade da garça, a proteção da galinha,
O cantar do galo, o som e a harmonia dos pássaros,
O voar da águia, a inteligência do golfinho,
A paz do azul, o amor do vermelho,
A riqueza do púrpura, a paciência da tartaruga,
A alegria da criança, o vigor do jovem,
A paixão do casal, a longanimidade do idoso (ô palavra difícil!),
O respirar das árvores, a destreza do arquiteto,
A inteligência do cientista, a sabedoria da coruja,
A lealdade do escudeiro, a companhia do amigo,
A imprevisibilidade do vento e do clima, a liderança do comandante,
Da menor das células ao maior dos ecossistemas,
Do mais pequenino quarto ao maior dos planetas,
Tudo, tudo se encaixa nEle. Tudo glorifica a Ele.
Tudo é dEle, por meio dEle, por Ele e para Ele.
Somente Ele e mais ninguém.

FINIS MEUS PROPE EST

29 de setembro de 2023

Mors opperitur me
Nescio iam quomodo vivere
Desidero plena purgationem
Finis meus prope est

Non mereo vitam qui habeo
Nescio iam cur natus sum
Nemo scit quis sum
Finis meus prope est

Mors veniet quandocumque velit
Exsistentia mea est dubia
Vita brevis est, at mea est brevior
Non est salus amplius mihi,

perditus sum, amissus sum,

Pereo in erroribus meis
Pereo in medio multi peccatorum meorum
Nescio iam quis sum
Dubitationes circumdant me

Timeo omnia et quidquam
"Nihil sum,

Nunquam ero nihil,

Non possum velle esse nihil"

Fatalis sum esse solus perpetuum
Fatalis sum esse solus perpetuum
Fatalis sum esse solus perpetuum
Fatalis sum esse solus perpetuum

Desum, numquam vinco
Defui, numquam vincam
Proelia quod pugno, numquam vincuntur
Larvae meae, numquam expelluntur